Intoxicação por metanol: fábrica clandestina comprava etanol adulterado de postos de combustíveis

Polícia de SP localiza fábrica que teria adulterado bebidas A Polícia Civil revelou que uma fábrica clandestina de bebidas alcoólicas, localizada em São B...

Intoxicação por metanol: fábrica clandestina comprava etanol adulterado de postos de combustíveis
Intoxicação por metanol: fábrica clandestina comprava etanol adulterado de postos de combustíveis (Foto: Reprodução)

Polícia de SP localiza fábrica que teria adulterado bebidas A Polícia Civil revelou que uma fábrica clandestina de bebidas alcoólicas, localizada em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, comprou etanol adulterado em postos de gasolina para a produção das bebidas que causaram a morte de duas pessoas por intoxicação com metanol. O local foi encontrado nesta sexta-feira (10), durante diligências que fazem parte da apuração sobre os primeiros óbitos registrados na capital paulista. As vítimas ingeriram vodka adquirida no mesmo bar. Durante coletiva, o secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite informou que o etanol usado na produção das bebidas falsificadas continha mais de 40% de metanol, em alguns casos, e teria origem de um mesmo posto ou rede de postos de combustíveis. Segundo ele, os suspeitos presos até agora não têm ligação com facções criminosas e foram, na verdade, prejudicados por uma organização criminosa que lucra com a adulteração do combustível. 🔎 São Bernardo do Campo é considerado o epicentro dos casos de contaminação por metanol: há 48 casos em investigação e um caso confirmado até o momento. ✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp Em depoimento, o dono do bar confessou que havia comprado as garrafas de uma fábrica não autorizada. Segundo a polícia, essa empresa utilizava etanol de posto de combustíveis na fabricação irregular das bebidas. O etanol, por sua vez, estaria misturado a metanol, substância altamente tóxica e proibida para consumo humano. O objetivo era aumentar o volume das bebidas originais, tornando-as mais lucrativas. Após rastrear a origem das garrafas consumidas pelas vítimas, os investigadores chegaram à fábrica clandestina e cumpriram mandados de busca e apreensão. O imóvel foi desmantelado e materiais foram apreendidos para perícia. A proprietária do local será presa em flagrante e deve responder por falsificação, corrupção ou adulteração de substâncias ou produtos alimentícios. A pena é de reclusão de 4 a 8 anos, além de multa. Polícia encontra fábrica clandestina ligada às mortes por intoxicação com metanol. Reprodução/Polícia Civil Vítimas da adulteração Uma das vítimas que teria consumido bebidas falsificadas produzidas na fábrica é o empresário Ricardo Lopes Mira, de 54 anos. O homem passou mal em 12 de setembro e morreu quatro dias depois. No bar onde Ricardo ingeriu a bebida, localizado na Mooca, Zona Leste de São Paulo, os investigadores apreenderam nove garrafas — uma de gin e oito de vodca, abertas e fechadas. Peritos detectaram a presença de metanol em oito dessas garrafas, com percentuais elevados que variavam entre 14,6% e 45,1%. O empresário Ricardo Lopes Mira, de 54 anos, da Mooca, uma das vítimas das bebidas adulteradas na capital paulista. Reprodução/Redes Sociais Envolvimento do PCC Após a divulgação dos primeiros casos de intoxicação, a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) divulgou uma nota em que afirmou suspeitar que o metanol usado para adulterar bebidas alcoólicas possa ser o mesmo importado ilegalmente pela organização criminosa PCC para adulterar combustíveis. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), contudo, descartou o envolvimento de facções criminosas na produção e venda das bebidas adulteradas com metanol no estado. A Polícia Civil de São Paulo trabalha com duas linhas principais de investigação sobre as bebidas "batizadas" com metanol, que causaram diversas internações e mortes no estado. Uma delas é que o metanol teria sido usado para a higienização de garrafas reaproveitadas que não foram destinadas para a reciclagem, segundo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Outra hipótese é o uso do metanol para aumentar na produção o volume de bebidas falsificadas. Uma possibilidade é que a intenção do falsificador fosse adicionar etanol puro, sem saber que o produto estava contaminando com metanol. Já a Polícia Federal diz que não dá para descartar nenhuma hipótese no momento, inclusive a de que os casos tenham ocorrido após a megaoperação contra o crime organizado, realizada no final de agosto, que mirou um esquema bilionário no setor de combustíveis. Na terça-feira (7), o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, comentou essa possibilidade durante o anúncio da criação de um comitê informal de enfrentamento da crise do metanol. "Se esse metanol tiver origem em combustíveis fósseis, é outra hipótese de investigação. Recentemente, tivemos uma enorme ação de combate de infiltração do crime organizado na área de combustíveis e muitos tanques de metanol foram abandonados depois dessa operação. Essa é uma hipótese que está sendo estudada pela Polícia Federal", afirmou. LEIA TAMBÉM: EXCLUSIVO: Alvos de megaoperação do PCC são sócios em ao menos 251 postos de combustíveis; veja endereços SP cria protocolo para detectar metanol em bebidas

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